A sacralidade é o sentido da existência, me interessa, busco e a encontro no dado natural em que o protagonismo nunca foi humano, muito menos de uma sociedade por que o protagonismo genuíno é espontâneo. E ando correndo atrás dessa estética dos instantesl. E Mircea Eliade defende o potencial sagrado do aqui e agora, da majestade do mundo.:
"Mas é sobretudo a valorização religiosa do presente que importa destacar. O simples fato de existir, de viver no tempo, pode encerrar uma dimensão religiosa. Ela nem sempre é evidente, já que a sacralidade está de certa forma 'camuflada' no imediato, no 'natural' e no quotidiano. A 'alegria de viver' descoberta pelos gregos não é um gozo de tipo profano: ela revela a satisfação de existir, de participar - mesmo de maneira fugidia - da espontaneidade da vida e da majestade do mundo. Como tantos outros antes e depois deles, os gregos aprenderam que o meio mais seguro de escapar do tempo é explorar as riquezas, à primeira vista insuspeitáveis, do instante vivido.
A sacralização da finitude humana e da 'vulgaridade' de uma existência 'comum' constitui um fenômeno relativamente frequente na história das religiões. Mas foi sobretudo na China e no Japão do primeiro milênio da nossa era que a sacralização dos 'limites' e das 'circunstâncias' - qualquer que tenha sido sua natureza - alcançou a excelência e influenciou profundamente as culturas respectivas. Tal como na Grécia Antiga, essa transmutação do 'dado natural' também se traduziu pela emergência de uma estética particular". Mircea Eliade - História das crenças e das ideias religiosas I.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Natural bichos e plantas para saudar a primavera
O paraíso é terreno, disse Miquel Barcelò. A pintura que se relaciona com o mundo, com a natureza -o uso de terras na técnica denota a valorização da expressividade e potencial do elemento terra, a materialidade. Meu gesto reafirma o vínculo com ela, o ser que nos gerou, acolheu e ainda nutre.
Evoé primavera! Evoé Dioniso!
sábado, 20 de agosto de 2016
Críticas
A luz hiberna no âmago da matéria
Pelos respingos vulcânicos que nos mergulham no mundo larvar da natureza em convulsão, essa pintura põe-nos frente a frente com remotíssimas origens.
O emprego dos materiais mais orgânicos será um acidente. Porque o deveras constitutivo é a vontade de transformar a brutalidade agônica da matéria em possíveis firmamentos. Com isso se decide a dualidade, que é o segredo de tantas ciências e de tantas filosofias. Na coreografia das opacidades primordiais se esconde a virtual existência do transparente; na tese do elemental, a antítese da poética que precede a primeira aurora. Isso poderia lembrar, para além de Tàpies, o velho Courbet das rochas de Étrétat, o que, de resto, não importa. Importa sim, que Sela radicaliza. Que, ao entregar-se à necessidade de considerar a pintura assunto de corpo, de tato, é capaz de indicar as frestas do jogo e - por que não? - do devaneio.
João Evangelista de Andrade Filho MASC 2009
Mater´s rosa
Mater´s rosa, pigmentos naturais de terra, metal, acrílica s/ MDF,46 x 78,5cm 2016 Acervo de Mariline Vieira.
Dança cooperativa
Sobre a relação racional: amistosa, respeitosa e cooperativa entre indivíduo e meio ambiente Fritjof Capra diz: " Não podemos mais enxergar o universo como uma máquina, composta de blocos elementares... O planeta é um sistema vivo e autorregulado. A evolução não é uma luta competitiva pela existência, mas sim uma dança cooperativa".
sábado, 13 de agosto de 2016
Mater´s
Matéria e terra. Essa série de pinturas apresenta o meio natural, o mundo primitivo e selvagem desde suas remotas origens na formação do mundo, a paisagem natural através da materialidade e da gestualidade. Tem ao mesmo tempo registro abstrato e figurativo, uma percepção visual de mundo mais ampla capaz de encampar subjetividade e objetividade em um mesmo texto, e que considero um dos aspectos mais interessantes da pintura contemporânea presentes nas obras de Thomas Reinhold e Miquel Barcelò- que usa terra e barro na sua poética, para ele " O paraiso é terreno". Mater´s tem relação com o Romantismo nórdico que exaltava a natureza e buscava nela o sentido do sagrado e que influenciou artistas como Jackson Pollock, Rotko, Van Gogh e outros. Mircea Eliade, historiador das religiões manifestou acerca da natureza e seu potencial para o sagrado:"... para aqueles que têm uma experiência religiosa, a Natureza em sua totalidade é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O cosmos em sua totalidade pode converter-se em uma hierofania". A terra deve, portanto, ser sagrada pois é fonte de nutrição, preservação das espécies e suporte para a expressão de vida.
O vínculo entre indivíduo e Terra é indissolúvel, desde o nascimento até a sua volta para o colo da terra.
Explorando formas de pintar por volta dos meus 6 anos de idade descobri a possibilidade de usar terra como pigmento: nesta época já experimentava a variação de tonalidades na superfície. Este início também enraizou precocemente meu fazer pictórico: o conceito e materialidade de terra da minha poética que foi fundamento da monografia do meu bacharelado pela UDESC 2008.
O vínculo entre indivíduo e Terra é indissolúvel, desde o nascimento até a sua volta para o colo da terra.
Explorando formas de pintar por volta dos meus 6 anos de idade descobri a possibilidade de usar terra como pigmento: nesta época já experimentava a variação de tonalidades na superfície. Este início também enraizou precocemente meu fazer pictórico: o conceito e materialidade de terra da minha poética que foi fundamento da monografia do meu bacharelado pela UDESC 2008.
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