quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O presente sagrado

A sacralidade é o sentido da existência, me interessa, busco e a encontro no dado natural em que o protagonismo nunca foi humano, muito menos de uma sociedade por que o protagonismo genuíno é espontâneo. E ando correndo atrás dessa estética dos instantesl. E Mircea Eliade defende o potencial sagrado do aqui e agora, da majestade do mundo.:
"Mas é sobretudo a valorização religiosa do presente que importa destacar. O simples fato de existir, de viver no tempo, pode encerrar uma dimensão religiosa. Ela nem sempre é evidente, já que a sacralidade está de certa forma 'camuflada' no imediato, no 'natural' e no quotidiano. A 'alegria de viver' descoberta pelos gregos não é um gozo de tipo profano: ela revela a satisfação de existir, de participar - mesmo de maneira fugidia - da espontaneidade da vida e da majestade do mundo. Como tantos outros antes e depois deles, os gregos aprenderam que o meio mais seguro de escapar do tempo é explorar as riquezas, à primeira vista insuspeitáveis, do instante vivido.
 A sacralização da finitude humana e da 'vulgaridade' de uma existência 'comum' constitui um fenômeno relativamente frequente na história das religiões. Mas foi sobretudo na China e no Japão do primeiro milênio da nossa era que a sacralização dos 'limites' e das 'circunstâncias' - qualquer que tenha sido sua natureza - alcançou a excelência e influenciou profundamente as culturas respectivas. Tal como na Grécia Antiga, essa transmutação do 'dado natural' também se traduziu pela emergência de uma estética particular". Mircea Eliade - História das crenças e das ideias religiosas I. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Natural bichos e plantas para saudar a primavera


O paraíso é terreno, disse Miquel Barcelò. A pintura que se relaciona com o mundo, com a natureza -o uso de terras na técnica denota a valorização da expressividade e potencial do elemento terra, a materialidade. Meu gesto reafirma o vínculo com ela, o ser que nos gerou, acolheu e ainda nutre.
Evoé primavera! Evoé Dioniso!

sábado, 20 de agosto de 2016

Individual no MAB Museu de arte de Blumenau

Individual no MAB Museu de arte de Blumenau com Mia Avila 2016


Críticas



A luz hiberna no âmago da matéria

Pelos respingos vulcânicos que nos mergulham no mundo larvar da natureza em convulsão, essa pintura põe-nos frente a frente com remotíssimas origens.
O emprego dos materiais mais orgânicos será um acidente. Porque o deveras constitutivo é a vontade de transformar a brutalidade agônica da matéria em possíveis firmamentos. Com isso se decide a dualidade, que é o segredo de tantas ciências e de tantas filosofias. Na coreografia das opacidades primordiais se esconde a virtual existência do transparente; na tese do elemental, a antítese da poética que precede a primeira aurora. Isso poderia lembrar, para além de Tàpies, o velho Courbet das rochas de Étrétat, o que, de resto, não importa. Importa sim, que Sela radicaliza. Que, ao entregar-se à necessidade de considerar a pintura assunto de corpo, de tato, é capaz de indicar as frestas do jogo e - por que não? - do devaneio.

João Evangelista de Andrade Filho MASC 2009
Individual no MASC Museu de arte de Santa Catarina com curadoria de João Evangelista de Andrade Filho 2009

Mater´s rosa

Mater´s rosa, pigmentos naturais de terra, metal, acrílica s/ MDF,46 x 78,5cm 2016 Acervo de Mariline Vieira.

Dança cooperativa

Sobre a relação racional: amistosa, respeitosa e cooperativa entre indivíduo e meio ambiente Fritjof Capra diz: " Não podemos mais enxergar o universo como uma máquina, composta de blocos elementares... O planeta é um sistema vivo e autorregulado. A evolução não é uma luta competitiva pela existência, mas sim uma dança cooperativa".
        Mater´s Lilith, pigmentos naturais de terra, acrílica s/ painel,157 x 340cm 2010
Mater´s Iguazú, pigmentos naturais de terra, acrílica s/ painel,99 x 99cm 2007

Mater´s Até que você não se ache mais importante II, pigmentos naturais de terra, fibras naturais, acrílica s/ painel,99 x 99cm 2007

Vendido.
Mater´s Ácqua, pigmentos naturais de terra, acrílica s/ painel,157 x 267cm 2013
Mater´s 7, pigmentos naturais de terra, acrílica s/ painel,157 x 267cm 2008
    Mater´s Chiao, pigmentos naturais de terra, acrílica s/ painel,157 x 267cm 2006 Acervo do MASC Museu de arte de Santa Catarina 2009

Mater´s

Mater´s De leite e de mel II, pigmentos naturais de terra, fibras naturais, acrílica s/ painel,157 x 267cm 2007
Detalhe
Mater´s Shen, pigmentos naturais de terra, fibras naturais, acrílica s/ painel,158 x 252cm 2006 

Atelier do Ceart centro de artes da UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina 2006

sábado, 13 de agosto de 2016

Mater´s

Matéria e terra. Essa série de pinturas apresenta o meio natural, o mundo primitivo e selvagem desde suas remotas origens na formação do mundo, a paisagem natural através da materialidade e da gestualidade. Tem ao mesmo tempo registro abstrato e figurativo, uma percepção visual de mundo mais ampla capaz de encampar subjetividade e objetividade em um mesmo texto, e que considero um dos aspectos mais interessantes da pintura contemporânea presentes nas obras de Thomas Reinhold e Miquel Barcelò- que usa terra e barro na sua poética, para ele " O paraiso é terreno". Mater´s tem relação com o Romantismo nórdico que exaltava a natureza e buscava nela o sentido do sagrado e que influenciou artistas como Jackson Pollock, Rotko, Van Gogh e outros. Mircea Eliade, historiador das religiões manifestou acerca da natureza e seu potencial para o sagrado:"... para aqueles que têm uma experiência religiosa, a Natureza em sua totalidade é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica. O cosmos em sua totalidade pode converter-se em uma hierofania". A terra deve, portanto, ser sagrada pois é fonte de nutrição, preservação das espécies e suporte para a expressão de vida.
O vínculo entre indivíduo e Terra é indissolúvel, desde o nascimento até a sua volta para o colo da terra.
Explorando formas de pintar por volta dos meus 6 anos de idade descobri a possibilidade de usar terra como pigmento: nesta época já experimentava a variação de tonalidades na superfície. Este início também enraizou precocemente meu fazer pictórico: o conceito e materialidade de terra da minha poética que foi fundamento da monografia do meu bacharelado pela UDESC 2008.